terça-feira, 12 de novembro de 2013

Mme. Dominique Fallecker - Um Ícone de Estilo de Paris

Mme. Dominique Fallecker


Meu encontro com Mme Dominique Fallecker foi no Institut Français de La Mode, onde ela falou sobre Vintage fashion e o “Little Black Dress”.

Figura inspiradora, com um visual único, logo mostrou porque é um ícone de estilo da moda parisiense, com as inúmeras histórias do secreto mundo da alta-costura que tem para contar. Somando-se a isso o grande carisma e o vasto conhecimento que possui como historiadora da moda, só aumentaram o meu desejo de conhecer a fundo a sua trajetória.

Foi então em uma entrevista exclusiva, degustando um bom café na Place Vendôme que tive aquele momento perfeito para saciar toda a minha curiosidade sobre as experiências de Mme Dominique.

Filha única nasceu e cresceu em Paris em uma casa de colecionadores de arte. Aos quatro anos, já frequentava museus e galerias de arte e conta, com brilho nos olhos, que lembra quando segurava a mão de sua mãe e ouvia o som das pulseiras sacudindo em seu braço, o que despertou o seu interesse pela moda e os acessórios. Revela orgulhosa também a criatividade da própria mãe ao mandar reformar as suas joias antigas para deixá-las com um design mais moderno.

Entretanto, antes de se iniciar de fato na moda, que chama descontraidamente de “my second life”, Mme Dominique estudou Direito na Universitè de Paris, trabalhou na Câmara de Comércio Francesa em Estocolmo e Copenhague e ao retornar à Paris, em 1975, exerceu o cargo de auditora legal até 1999, uma carreira que nada tem em comum com o mundo fashion.

Nos anos 80, entretanto, descobriu Christian Lacroix enquanto ele desenhava para Jean Patou e afirma que o que mais a fascinou em Lacroix foi a grande conexão que fazia de suas peças com as artes, proveniente de seu trabalho em grandes museus.

Quando Lacroix abriu a sua própria Maison de Couture, em 1987, tornou-se uma de suas primeiras clientes, levando-a assim a formar a maior coleção privada de Christian Lacroix vintage no mundo, um privilégio para poucos! O primeiro vestido que comprou foi um icônico “little black dress”, já que a alta-costura era toda em “black” na época, influenciada pela onda minimalista dos designers japoneses que vieram para a Europa (Issey Myake, Rei Kawakubo, Yohji Yamamoto), ressalta Mme Fallecker.

Mas, o ano da virada foi em 1999, quando, em busca de um trabalho mais criativo começou a trabalhar com Didier Ludot, o mais respeitado colecionador e expert em moda vintage e alta-costura. Mme Fallecker gerenciou a sua boutique, `La Petite Robe Noir`, até 2011, um charmoso espaço localizado sob as arcadas do Palais Royal em Paris dedicado ao “pretinho básico”, peça fundamental de qualquer guarda-roupa feminino nos dias de hoje.

Questionada sobre o futuro da moda, Mme Dominique é categórica: é o fim da alta-costura. A crise abre espaço para novos designers.

Hoje, Mme Dominique é uma renomada conferencista sobre história da moda e tem entre os seus clientes a Parsons School of Design, a Trend Union, o Fashion Institute of Technology e o Institut Français de la Mode. Além disso, tem projetos para exposições e publicações sobre o fetichismo na moda. Mas, sobretudo, esta grande “dama da moda” parisiense segue causando frisson por onde passa com seus inigualáveis looks Christian Lacroix!

Boutique Didier Ludot

Boutique Didier Ludot

La Petite Robe Noire

terça-feira, 13 de agosto de 2013

A arte de vestir

 
 "The fitting", Viktor Schramm, 1900
 
Entre 1880 e 1920, Charles Frederick Worth, Jacques Doucet e Paul Poiret, geniais e ambiciosos, atribuem à moda um papel essencial na história da sociedade e estabelecem vínculos decisivos entre a moda e a arte ao longo do século XX.
 
Grandes costureiros, como o próprio Charles Worth, tornaram-se reconhecidos como “artistas do luxo”. Apesar de ter nascido em Bourne, Lincolnshire, na Inglaterra, Worth construiu a sua marca na indústria da moda francesa. Criou modelos exclusivos para seduzir suas clientes mais nobres, mas notabilizou-se por preparar um portfolio de design que era desfilado por manequins em seu ateliê, uma inovação para o mundo fashion. Era o momento em que as clientes selecionavam um modelo, especificavam as cores e tecidos para o mesmo ser posteriormente reproduzido “sur mesure” em sua loja.
 
Charles Worth foi considerado o primeiro grande costureiro e foi com ele que a alta costura tornou-se uma arte. Logo, seus passos foram seguidos por outros talentos como: Callot Soeurs, Patou, Poiret, Vionnet, Fortuny, Chanel e Schiaparelli. Madame Paquin, que abriu a sua "maison de couture" em 1891, foi a primeira mulher a ter sucesso no mundo da alta costura.
  
 
Charles Frederick Worth, 1900 ca.
 
 
Callot Soeurs, 1920.
 

Vestido preto bordado: Paquin, 1923-1924 ca.

 

segunda-feira, 3 de junho de 2013

A Dança e a Arte

  
Ballets Russos, 1917 
 
 
Foi Sergei Diaghilev com a sua Companhia de Ballets Russos, em 1917, quem introduziu o Modernismo na dança e no teatro. Ele atraiu designers, coreógrafos e grandes nomes da história da arte para a produção de cenários e figurinos, marcando em definitivo uma nova era para os espetáculos. Neste cruzamento da arte com a dança, Diaghilev teve a colaboração de artistas do porte de Léon Bakst, Pablo Picasso, Jean Cocteau, Coco Chanel, Salvador Dalí e De Chirico. Assistir a Cia suíça de Daniele Finzi Pasca, que traz ao Brasil, em junho, a obra de Salvador Dalí com a peça “LA VERITÀ”, uma mescla de dança, circo e arte, é uma oportunidade única para conhecer de perto um conceito que revolucionou os palcos e por que não dizer, a moda também!
 
 
Le Train Bleu - Costume design, Coco Chanel, 1910
 
 
Le Train Bleu - Costume design, Coco Chanel, 1910
 
 
Le Train Bleu - Curtain, Pablo Picasso, 1910
 
 
Parade, 1917, V&A Collections
 
 
Parade, Curtain, Pablo Picasso,1917
 
 
Parade, Costume design, Pablo Picasso, 1917
 
 
Parade, Costume design, Jean Cocteau, 1917
 
 
Ballets Russos, V&A Collections
 
 
Sheherazade, Costume design, Leon Bakst,1910
 
 
Narcisse, Costume design, Leon Bakst, 1911 
 

Yves Saint Laurent, Coleção Balletts Russos, 1976
 

Tristan et Isolde, La Verità - Salvador Dalí, 1944
 
 

terça-feira, 9 de abril de 2013

Dior e o Impressionismo – Granville, a partir de maio/13

 
Le Printemps (Jeanne), Édouard Manet, 1881


As “impressões” de Christian Dior, suas criações inspiradas pelo jardim e a casa de infância em Granville , na Normandia, serão apresentadas em uma exposição que explorará as ligações da alta-costura com o movimento impressionista . Apaixonado por flores, Dior batizou a sua primeira coleção de Corolle (corola). A mostra contará com um acervo de 70 peças, muitas de alta-costura e quadros de pintores impressionistas, entre eles: Monet, Renoir, Degas, Manet, provenientes de museus e de coleções privadas.








A Arte Bizantina e a Moda


Catedral de Monreale, 1172-1185

Basílica de Ravena, Imperatriz Teodora (500-548)


O Império Bizantino surgiu com a fundação de Constantinopla em 330 D.C. Graças a sua localização, a arte bizantina sofreu influências de Roma, Grécia e do Oriente. A união de alguns elementos dessa cultura formou um estilo novo, rico tanto na técnica como na cor.

A arte bizantina está dirigida pela religião. O mosaico é a expressão máxima e o dourado é amplamente utilizado devido à associação com o maior bem da terra: o ouro.

A arquitetura das igrejas foi a que recebeu maior atenção desta arte, criando-se prédios totalmente decorados. 

O apogeu da arte bizantina foi no século VI, durante o reinado do Imperador Justiniano. O esplendor da corte em meados do séc. VI emerge dos mosaicos da Basilica de San Vitale, em Ravena, que representam o imperador e sua mulher, a Imperatriz Teodora, com suntuosos diademas, broches, longos brincos, fios de pérolas e pedras preciosas principalmente safiras e esmeraldas,  reservadas ao imperador pelo Código Justiniano de 529.

Toda a opulência bizantina traduziu-se em ricos detalhes na coleção Milão FW de Dolce & Gabbana que foi inspirada nos mosaicos de Monreale, na Sicilia. A catedral de Monreale,  consagrada a Santa Maria Nuova, foi construída entre 1172 e 1185. Artistas locais, artesãos e especialistas em Bizâncio e Veneza foram chamados para criar as peças do desfile: mosaicos nos sapatos, vestidos, jóias e bolsas.









 

Andy Warhol e a Moda


Mini-dress, USA, 1968

No dia 6 de agosto de 1928 nasceria aquele que ficaria conhecido como um dos ícones mais emblemáticos do cinema, da arte e da moda; o artista gráfico, pintor e cineasta Andy Warhol.  Seu legado em diferentes tipos de expressões culturais ainda se faz presente nos dias de hoje, além de sua influência direta aos artistas e cineastas que acompanharam seu trabalho. As contribuições de Warhol para o mundo da moda foram inúmeras. Ao criar anúncios publicitários, retratar ícones do cinema e da televisão e criticar com humor a sociedade consumista, garantiu seu lugar entre os gênios da cena fashion do século XX.

A arte da publicidade – Anos 50

Andrew Warhola – que mais tarde excluiria algumas letras de seu nome para assinar apenas Andy Warhol – é mundialmente conhecido por suas pinturas coloridas de objetos do cotidiano, como garrafas de Coca-Cola ou latas de sopa Campbell, ou de celebridades; entre elas, Marilyn Monroe e Jackie Kennedy que colocariam seu nome entre um dos principais artistas do movimento batizado de “Pop Art”.

No entanto, o que poucos sabem é que o começo da carreira do artista foi marcado pela criação de anúncios publicitários para publicações renomadas, como a Harper’s Bazaar, Vogue, The New Yorker, e boa parte do seu talento durante os anos 1950 foi dedicada à ilustração de anúncios, em sua maioria de sapatos.

Com recente retrospectiva no Metropolitan Museum, em Nova York, Warhol segue exercendo sua força inspiradora “pop” sobre inúmeros artistas/estilistas, como nos revelou a coleção outono-inverno-2013 da Maison Dior nas passarelas de Paris.







Salvador Dalí – Centre Pompidou, Paris


Autoportrait, 1972


Trinta anos após a exposição histórica apresentada no Centro Pompidou, a instituição dedica à Dalí uma nova retrospectiva onde sua obra é abordada sob todos os aspectos. O artista surge como o pioneiro da performance, através de uma cenografia que faz o espectador mergulhar no universo daliniano.

Dotado de uma curiosidade insaciável, Dalí se alimentou de todas as tendências culturais, artísticas, científicas ou sociais de sua época para desenvolver uma arte em que o artista e a sua obra se confundem até criar um mito. Dandy internacional, ele abraça a modernidade e seduz ao mesmo tempo que provoca.  Um espetáculo sem precedentes!!


Buste de femme rètrospectif, 1933/1976



CROMOMUSEU – Pós-pictorialismo no contexto museológico, 2013



Go Home (1998-2012), Peter Fox


Exposição que inaugurou a coleção de arte estrangeira no Margs com obras do artista americano Peter Fox declarou temporariamente o fim do chamado “cubo branco”, apresentando as obras do acervo do museu, produzidas entre o séc. XIX e a contemporaneidade, sobre paredes multicoloridas e proporcionando ao espectador uma experiência cromática inusitada.

Curadoria: Gaudêncio Fidelis







quarta-feira, 31 de outubro de 2012

L’Impressionnisme et la mode

Musée d´Orsay, 25/09/12-20/01/13

Nana, 1877, Édouard Manet

Corset - blue silk satin, 1880

Moda e arte compartilham algumas características e para os Impressionistas havia uma associação subjacente da vida contemporânea com a moda. Apesar de a moda não ter sido o único tema retratado por estes artistas de vanguarda, eles se inspiraram nas inúmeras ilustrações com cenas da Paris moderna e costumes de seus habitantes no século XIX. As pinturas de mulheres com refinados vestidos mostram claramente esta influência. Manet, um dos precursores do movimento, foi um dos artistas que se beneficiou da explosão de literatura de moda e das ilustrações do período e juntamente com Degas, Monet, Renoir formou o grupo dos maiores representantes desta arte revolucionária.

Cortesãs, atendentes de cabaré, balconistas, prostitutas e pequenos- burgueses são os protagonistas da nova vida social francesa registrada por estes “pintores da vida moderna”. As mulheres estão em destaque no cenário urbano e Paris recém-reformada com grandes avenidas, parques, lojas de departamento, divertimentos e prazeres converte-se na grande capital cultural; um mundo que apaixona todos os artistas.

A exposição, em cartaz no musée d’ Orsay, apresenta pinturas desta sociedade elegante do Segundo Império ao início da Terceira República, lado-a-lado com as roupas e acessórios que caracterizam a moda da época.


The Millinery Shop, 1884-89, Edgar Degas

Walking Dress, c. 1884

The Balcony, 1888-89, Édouard Manet

The Swing, 1876, Pierre Auguste Renoir

The Reception, 1878, Jean Béraud

The Reception, 1878, James Tissot

Women in the Garden, 1867, Claude Monet

Au Moulin Rouge, La Dance, 1890, Toulouse Lautrec

Day Dress, 1869

 
Family Portraits, 1867, Fréderic Bazille